Depois de muita tensão e discussões entre parlamentares de estados produtores de petróleo e não produtores, o Congresso
Nacional
votou na noite dessa quarta-feira e começo da madrugada de hoje
os 140 vetos da presidenta Dilma Rousseff (apesar de possuir maioria do apoio de parlamentares) ao projeto de lei que trata
das novas regras de distribuição dos royalties do petróleo.
Foram quase cinco horas de debates e discussões acaloradas no plenário.
Embora reconhecessem que não tinham votos suficientes para manter os
vetos, deputados e senadores do Rio de Janeiro e do Espirito Santo
protestaram durante toda a sessão.
Obstruíram os trabalhos com a apresentação de requerimentos e questões de ordem para retardar a votação.
A manobra não teve êxito e levou os parlamentares dos dois estados a
abandonar o plenário como forma de protesto e também para não legitimar a
sessão. Capixabas e fluminenses pretendem agora ingressar com ações na
Justiça para tentar invalidar a sessão.
Eles também querem que o Supremo Tribunal Federal (STF) declare inconstitucional as novas regras de distribuição dos royalties.
O presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL),
anunciou que 335 deputados e 61 senadores depositaram seus votos nas
urnas espalhadas pelo plenário do Congresso.
A apuração dos votos começará ainda na madrugada de hoje e deverá durar
cerca de nove horas. Ela será feita no Serviço de Processamento de
Dados do Senado (Prodasen), por uma comissão de servidores e acompanhada
por uma comissão de deputados e senadores indicados pelas lideranças de
seus partidos.
Obstrução minimizada
A análise dos vetos durou 4 horas. Apesar do debate prolongado (a
votação começou 3 horas e 20 minutos depois do início da sessão), a
obstrução dos estados produtores foi menor do que a esperada. Eles
conseguiram adiar o início da discussão dos vetos em apenas 50 minutos,
por meio de vários questionamentos regimentais. A outra parte do chamado
“kit obstrução”, os requerimentos para adiamento da discussão ou da
votação foram desconsiderados pelo presidente do Senado, Renan
Calheiros, apesar dos protestos dos deputados do Rio.
O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) disse que assinaria,
simbolicamente, “junto com milhões de brasileiros”, a petição "Fora
Renan". "Vossa excelência não é digno de cumprir a Constituição", disse.
Garotinho chegou a dizer que Renan se comporta como "imperador". Outro
deputado que criticou Renan foi Alessandro Molon, ao pedir mais tempo
para usar a tribuna e outros questionamentos regimentais. O presidente
do Senado respondeu que o deputado estaria sendo "injusto".
Em retaliação, a bancada do Rio de Janeiro decidiu não participar da
votação dos vetos. "A bancada do Rio de Janeiro não quer legitimar o que
considera uma farsa, um arremedo de democracia", disse Molon.
Nos debates, os deputados do Rio de Janeiro e Espírito Santo insistiram
que a redistribuição dos recursos dos contratos vigentes, além se
implicar a quebra dos contratos, vai trazer prejuízos aos orçamentos
desses estados. O deputado Otavio Leite (PSDB-RJ) denunciou a "sanha"
dos estados e municípios não produtores para repartir os recursos e
disse que é uma insensatez retirar recursos do Rio de Janeiro. "Quem
perde é o Rio de Janeiro, com a supressão abrupta de R$ 3,2 bi a partir
de amanhã", disse.
O deputado Cesar Colnago (PSDB-ES) criticou o que chamou de "luta
fratricida" entre estados e municípios. "Só nos resta recorrer ao
Supremo Tribunal Federal por inconstitucionalidade para que essa nação
não seja terra de fora da lei", disse.
Estados não produtores
Os deputados de estados que hoje não recebem recursos do petróleo
insistiram que a exploração é feita em bens da União (a plataforma
continental) e, portanto, dividir essa riqueza entre todos os municípios
seria uma questão de justiça.
O deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) insistiu que os estados produtores
não vão perder recursos com a queda do veto. "O Piauí vai receber em
2013 apenas R$ 300 milhões, 3% do que o RJ vai continuar recebendo",
disse.
O deputado Júlio Cesar (PSD-PI) rebateu o argumento de que haveria
quebra de contrato. "O contrato não é feito com os estados e municípios
produtores, mas entre a União e as petroleiras", disse. Ele afirmou que a
votação dos vetos encerra uma era de privilégios ao Rio de Janeiro,
iniciada com a abertura dos portos por Dom Pedro.
Já o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) disse que RJ e ES erraram ao não
pressionar a União a repartir parte dos seus recursos de royalties e
participação especial para compensar os dois estados. “Por que eles não
foram à União? Ela tem recursos, poderia criar um fundo de transição”,
disse.
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