O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Marco Feliciano (PSC-SP),
determinou à segurança que levasse preso um manifestante que o chamou
de “racista” durante reunião da comissão, na tarde desta quarta (27). Em
razão do tumulto, ele suspendeu a sessão e transferiu a reunião da
comissão para outro plenário.
A sessão começou às 14h20 sob o barulho de apitos. Marco Feliciano
tentou falar, mas foi interrompido por palavras de ordem: “Não, não me
representa, não”; “Não respeita negros, não respeita homossexuais, não
respeita mulheres, não vou te respeitar não”. Depois, um parlamentar
iniciou uma explanação sobre a situação dos corintianos na Bolívia e foi
interrompido por um manifestante: "Você está ao lado de um racista, não
aceite não". Feliciano, então, apontou para um manifestante e
determinou a prisão.
“Aquele senhor de barba, chama a segurança. Ele me chamou de racista.
Racismo é crime. Ele vai sair preso daqui”, afirmou Feliciano, alvo de
protestos pelo país por declarações consideradas racistas e homofóbicas.
Os seguranças imediatamente se dirigiram para o fundo da sala da
comissão, onde se encontravam os manifestantes e tentaram deter o rapaz.
Outros jovens que protestavam contra a permanência de Feliciano na
comissão tentaram evitar, sem sucesso, que ele fosse retirado da
comissão.
O jovem, que identificou como Marcelo Régis Pereira, começou a gritar:
“Isso é porque sou negro. Eu sou negro.” Os seguranças informaram que o
rapaz seria levado para a Delegacia da Polícia Legislativa para prestar
depoimento.
Depois que os seguranças retiraram o rapaz, Feliciano disse: "podem espernear, fui eleito com o voto do povo".
Feliciano suspendeu a sessão por cinco minutos e transferiu a reunião
para outra sala, onde seria proibida a entrada de manifestantes tanto
contrários a ele quanto a favor.
Antes de a reunião se iniciar, seguranças da Câmara dos Deputados
limitaram a entrada de manifestantes na reunião da Comissão de Direitos
Humanos.
Eles entregaram senhas e só autorizaram a entrada de 20 manifestantes
contrários ao parlamentar e outros 20 a favor. Na noite desta terça
(26), líderes partidários se reuniram e programaram para a próxima terça
(2), às 11h, um encontro para alertar o deputado de que ele não tem
apoio para continuar na comissão e pedir que ele renuncie. A bancada do
PSC, partido de Feliciano, anunciou apoio à decisão dele de não
renunciar.
No plenário da comissão formou-se uma batalha de protestos. Grupo de
evangélicos gritava “Jesus, Jesus” e “fica, Feliciano”, enquanto
manifestantes contrários a Feliciano bradavam “Estado laico já” e “Fica
na sua igreja”.
Segundo os seguranças, a limitação da entrada foi para “evitar a
bagunça” ocorrida nas últimas duas reuniões da comissão. Nesta terça
(26), Feliciano havia anunciado que “tomaria cautelas” para que não
houvesse tumulto.
A estudante Júlia Maria Soares criticou a entrega de senhas. "Isso é a
casa do povo, todos deviam poder entrar. O limite deveria ser o do
espaço físico, não entrega de senhas e divisão de grupos", afirmou. Ela
disse que a mobilização contra Feliciano continuará enquanto ele não
renunciar.Já a comerciante Antônia dos Santos Carneiro, da igreja Assembleia de Deus, afirmou que foi dar apoio a Feliciano para que ele permaneça na comissão e “defenda a família”.
“Eu vim aqui para apoiar o pastor Feliciano. Queremos dar apoio à família. Defendemos uma família sadia, homem e mulher procriando. Queremos Feliciano na presidência porque ele vai defender a família”, disse
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