O policial reformado e advogado Mizael Bispo de Souza, 43 anos, começa a ser julgado por júri popular, hoje, segunda-feira (11), no Fórum de Guarulhos(SP), pelo assassinato da ex-namorada, Mércia Nakashima, 28 anos. Mizael foi detido preventivamente no dia 24 de fevereiro de 2012 no presídio da Polícia Militar Romão Gomes, em São Paulo (SP).
Segundo a acusação do Ministério Público, o advogado teria atirado contra a ex-namorada e a jogado em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, depois que ela se recusou a reatar o relacionamento em maio de 2010. Mércia morreu afogada e o corpo só foi achado quase vinte dias depois, em junho.
Mizael responde por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima). O advogado se declara inocente e optou por fazer parte da própria defesa.
O júri popular de Mizael é o primeiro do Brasil a ser transmitido ao vivo pela TV, rádio e internet, segundo informou a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP)
Veja as principais frases do julgamento:
Márcio Nakashima, irmão da vítima e uma das testemunhas da acusação durante seu depoimento, pouco antes das 11h:
"No início era um relacionamento normal. [...] Depois ele se transformou, virou um sujeito ciumento, possessivo"
"Eu ajudei sim. Eu incentivei porque eu não sabia de nada disso", disse Márcio sobre sociedade entre Mércia e Mizael.
"Eu jogava bola com Mizael, ele frequentava a minha casa e a casa dos meus avós"
"Um dia Mizael chegou [no escritório novo onde Mércia passou a trabalhar] muito nervoso e chegou a ameaçar ela de morte. Ele nunca aceitou o fim do relacionamento."
"Ele parou de entrar em contato no dia que a Mércia desapareceu"
"A Mércia era a pessoa mais pacata. Ela não tinha inimigos", afirmou o irmão sobre a possibilidade de Mércia ter brigado com alguém, além de Mizael.
"Nós fomos perseguidos pelo Mizael. Tivemos que sair fugidos do bairro, porque ele estava armado"
"O Mizael conhecia aquela região, conhecia a represa."
"A Mércia começou a namorar tarde porque ela era centrada. De nós três [irmãos], ela era a mais centrada, a mais regrada. A gente brincava com ela e dizia: 'Mércia você é chata, vai morrer e não vai aproveitar a vida'. E foi o que aconteceu."
"Nós jogávamos bola. Isso é mentira", disse Márcio a respeito do depoimento de Mizael dizendo que o irmão de Mércia não gostava dele por causa da sua cor parda.
“Eu não sou racista. A mãe de meus filhos é de cor parda", disse sobre comentários de que ele não gostava do ex-cunhado.
“O Mizael levantou a mão e estava com uma arma", afirma Márcio Nakashima, ao recordar de encontro com o réu em represa em Nazaré Paulista, onde corpo de Mércia foi encontrado.
Juiz Leandro Cano, comenta, um pouco antes do início do julgamento, a transmissão ao vivo e inédita no Brasil:
"A única coisa que eu não quero nesse julgamento é o sensacionalismo. Espero que a confiança que depositei nos senhores [imprensa] seja recíproca."
"Esse julgamento trará maior transparência ao público. Esse caso provocou uma grande repercussão na imprensa e eu temia que isso influenciasse os jurados. Mas hoje eu estou tranquilo"
Mizael Bispo de Souza, em livro que escreveu na prisão e que apresentará ao júri:
"Me crucificaram como fizeram os judeus com Jesus Cristo"
Deputada federal Janete Rocha Pietá (PT) durante protesto em frente ao Fórum pedindo a condenação de Mizael:
"Não é possivel que em nome do amor se mate. Desde o momento da morte da Mércia e da Eliza Samudio estamos protestando. Isso expressa o machismo da nossa sociedade"
Nakoto Nakashima, pai de Mércia, ao chegar o Fórum de Garulhos:
"É um momento muito difícil. A família não esperava passar por isso"
Janete Ferreira de Carvalho Nakashima, a mãe de Mércia Nakashima, ao chegar ao Fórum de Guarulhos por volta das 9h, no primeiro dia de julgamento:
“Ele [Mizael] é um covarde, mentiroso, assassino, e, eu sentaria a mão na cara dele”
" Minha expectativa é que ele seja condenado e pegue uma pena severa. Espero a pena máxima, de 30 anos de prisão. Apesar de achar que ele merecia prisão perpétua, mas isso não existe neste país"
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